terça-feira, 16 de maio de 2017

Linguagem

A língua que ela usou com ele já morreu, é estéril, não gerará frutos, não respirará oxigênio. A língua dos sentidos dela é morta. Ele não ouviu, corria um rio ao lado de seus ouvidos e foi mais atrativo que a terra seca e rachada que ela apresentava. Terra sem adubo que morreu, língua morta, sem sentido. Não importa se latim ou grego antigo – ou o mais perfeitos dos francês Balzac – não ecoou. Soou a enunciação e não bateu na carne, ressoa no vácuo. Era a árvore que não caiu na não-floresta porque ninguém não viu. Ela partiu e ficou umas palavras mais muda – as palavras se enterraram na terra e sementaram macieiras silenciosas. Em cada maçã uma palavra dela, morta como um verme partido ao meio. A língua dela era semente morta. A macieira não existe. O não-ouvinte não existe. A língua dela é morta e não existe, pois ela é morta e não existe, pois ela fui eu quem criei para chorar o meu silêncio.

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