Over the town (1918) - Marc Chagall |
sábado, 22 de dezembro de 2018
Conversa infinita
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Três poemas de invasões
hermeticamente
ajusto no corpo a armadura
não para me defender
de espadas
pois no tecido
em que fui forjada
nada me invade
embora se possa sentir
a mínima
farpa
se ajusto a armadura no corpo
e procuras o motivo
sob o metal intacto
é para que nada saia
e tudo viva em mim
inalterado
para que não me vejas
o peito repleto
com marcas de farpas
que não entraram
perdas
num jardim pálido
encaro minhas mãos
monocromáticas
sei que esqueci
(mas o quê)
um rio desafia os lábios
como túmulos lotados
em solo rente
o cheiro reincide
no jardim sem pétalas
minhas mãos
monocromáticas
acostumam-se aos poucos
a costurar as negativas
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
Corpo de chuva
domingo, 22 de julho de 2018
Sobrevivência
sábado, 21 de julho de 2018
Nossos trens
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
(Hilda Hilst. Do desejo)
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Trovão
quinta-feira, 19 de julho de 2018
Em cima
segunda-feira, 14 de maio de 2018
Súplica
quinta-feira, 19 de abril de 2018
placebo
tua mão agarra com força
meu desejo de sumir
sabe que devo ser curada
todo dia dos anseios
tua mão tenta tapar os rombos
nos seios
a fingir que inexistem
queria dizer que isso supre
os vazios — mas só reprime
e quando respiro
eles doem
sexta-feira, 23 de março de 2018
Enterro
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Meditação
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
Pó
domingo, 7 de janeiro de 2018
trono de ester
eles se envolvem comigo
eles se envolvem comigo
eles amam, eles sonham
eles têm cordas que não usam
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Esquecer-me
Crie outras lembranças em cima das minhas, pegue os mesmos lugares e as mesmas músicas e os mesmos filmes e imprima por cima deles o que quiser, flores, dinossauros. Pegue aquele banco, por exemplo, e leve lá uma bela moça da Colômbia de nome exótico que caberia em qualquer poesia. Leve-a lá, lhe dê um orgasmo e escreva depois um poema. Foram rejeitadas quaisquer lembranças anteriores, nunca existiu um mesmo lugar no passado. Vai ser fácil, tua memória sempre foi fraca perto da minha, é preciso muito menos abalo para que se rompa, pode ser sutil. Leve amigos e salgados para todos os lugares onde pisamos, ache uma sala escura com um piano, é preciso pouco para esquecer. Toque uma música diferente. Estou aqui enrolada com meus cadernos e lembranças, e estou bem, eu nunca deixei de estar bem. Ainda escuto as mesmas canções, embora vez ou outra descubra alguma nova.