um dia
acabou a música.
gritei aos céus
e atiraram pedras frias.
criavam lacunas
que eu expulsava
como se expulsa um cisco.
as pedras
sulcaram no rosto
uma colmeia.
romperam as veias.
e a música.
nada no céu.
e no meu corpo.
a surdez das pedras.
um dia
acabou a música.
gritei aos céus
e atiraram pedras frias.
criavam lacunas
que eu expulsava
como se expulsa um cisco.
as pedras
sulcaram no rosto
uma colmeia.
romperam as veias.
e a música.
nada no céu.
e no meu corpo.
a surdez das pedras.
aqueles que me ultrapassam são outros
e eu sou sua outra
o rosto rouco da espera
aqui!, mas o ônibus ri
passa reto e sem ninguém
(todo ônibus tem o desejo
secreto de levar ninguém)
sisudas rodas no asfalto
seu único calor é o atrito
braço adiante – estou aquém
de sua ânsia de rodar
meu grito não alcança ser grito
sou roda de pedra
e com trava