segunda-feira, 14 de maio de 2018

Súplica

Vão existir os dias de rezar por qualquer olhar que seja do fundo do olho. Nesses dias, abomina-se a visão periférica, que forma unidade onde não há, as conversas de elevador, e as palavras mágicas. Toda magia há de ser real e vir do mais feérico dos olhares. De dentro vem essa ânsia de vômito disposta a invadir toda superfície. É inverno aqui, o que torna muito mais noite nas janelas que se lacram em si mesmas devido ao vento. O vento uiva a falta de amor. É inverno e vamos todos fechados, impermeáveis. Nesses dias, rezo por um olhar que ainda venha do fundo do verão. Um olhar quente sem agasalhos, que veja alguma coisa, qualquer coisa verdadeira, quando olhar pra cá.