segunda-feira, 23 de setembro de 2019

prometo
que vem tempestade

e chuvisco

a nuvem cresce se ergue enegrece invade o cenário
e sucumbe, se dissipa

(chuvisco)

embora eu borde no cenho
a certeza
e teça um raio no traço azul da veia
logo tudo clareia 
e se afina

(chuvisco)

se quero inundar, respingo
mal soa o som nas pedras
e quem por acidente percebeu
que choveu
exclamou alheio
que chuvinha boa

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

começo da noite

não aprendi a dobrar o corpo com cuidado

amasso-o 

até caber no próprio embrulho

como um nó


as pernas perdem espaço

surge um tombo sem barulho

acolchoado no tecido


os cabelos se enroscam

nos sapatos

não sei desatar

meus medos da ponta

dos dedos enroscados 

ao chão


o assoalho é o portal

do fim do dia

o corpo fundido

teias tecidos peles

frizz e tédios

maçaroca indiscernível




segunda-feira, 16 de setembro de 2019

gata

olhos fixos no ladrilho
como gelos 
ela brinca
em ser pupila
ao encará-lo

no faro o ato
não ser mais 
que gato, e sequer conhecer 
sua força de ser pelos 
e olhos de ser 
profundamente própria 
ao ser felina
até os ossos