Cachorros
passeiam com pessoas em um parque em tons sépia.
Do
centro de minha mão se dividem meu corpo e a extensão do universo.
Meus
dedos tocam os olhos de dentro de mim.
Os
sapatos pisam gritos da terra.
O
vento me amacia os pelos.
O
vento me enovela os medos.
Meus
medos, eu os planto no meio do parque. Cresce nova árvore de galhos angustiados
na cidade, e as velhas flores amarelas e medrosas.
As
pessoas nos ônibus e carros são galhos retorcidos de uma árvore em forma de
edifício.
A
música mascara o som das vozes, que mascara o som do vento, que mascara o som
do abismo (que está na tua garganta)
O
abismo está entre uma gramínea e outra. Carregamos abismo na poeira do sapato e
na respiração. O abismo está nessa palavra. Esta.
Os
cachorros e pessoas sépia talvez reconheçam o abismo quando faltar o fôlego. Vão
inspirar um pouco mais, e expirar pedaços de abismo que se grudam às pedras do
parque.
Um dos mais lindos poemas ou textos poéticos que já li no teu blog. Não sei dizer sobre poesia porque sou leigo, mas agora pensei que tu deve ter todos os estilos e todos os sentimentos, do mundo, guardados sob tuas unhas.
ResponderExcluirótimo feriado e final de semana pra ti.
Saudações!