segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Por tudo o que não é cristal

Poderia querer me destruir para começar novamente na primeira palavra um enredo que diferisse dessa história de julgamento e egoísmo que vem sendo narrada. Mas então a primeira página seria cheia dos silêncios do que não foi e eu não saberia interpretar. Chegando na metade, estaria enojada. Teria eu construído uma narrativa de princesas e sapatos mágicos? Não assimilei nada das pedras que não haviam nos sapatos, dos vícios que não invadem os sonhos plásticos da princesa. Ainda antes da metade eu teria medo do meu mundo. Já não o tive sem querer? O cristal de uma sapatilha jaz espatifado do último baque. Então eu olharia, ou olhei, para a próxima página sentindo um peso na mão, pruridos de rasgar todas últimas que levaram até ali e largar tudo para construir um próximo castelo de cartas; ou então vou sentar com um livro de recortes em mãos e construir outra história infeliz de julgamentos e egoísmos, para pelo menos ter matéria de dúvida ou de aprendizado antes de me trancar nos palácios de vidro.

2 comentários:

  1. Minha princesa das poesias <3 HEHUEUHE

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  2. Se tu te trancar em um palácio de vidro, continua escrevendo assim ...como quem esculpe poesia boa, nos altos e baixos dos dias.
    Saudações!

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