sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Escritos de ressaca nos quais sequer acredito

A bebida é a desculpa para se agir verdadeiramente como se quer agir. 
Desconfio de quem bebe porque precisa, são perigosos. 
Prefiro quem bebe porque gosta: hábito menos tirano.
Ninguém precisa de álcool, assim como ninguém precisa de amor, mas ambos funcionam que é uma beleza contra o vazio existencial. 
Só que a bebida às vezes mata o amor. 
E às vezes torna-o mais intenso do que seria no seco.
Injusto é associar bebida à jovialidade, ela, tão envelhecida. 
Não há nada jovem em beber, a diferença é que talvez jovens pareçam mais felizes quando o fazem.
Eles bebem para comemorar algo invisível ou afogar mágoas ínfimas. 
A velhice bebe para esquecer, até mesmo de que é velha. 
Eu só bebi porque parecia bom beber. 
Percebi há muito tempo que a bebida não cura meu vazio, apenas molha. 
Então se bebo é sem solução. 
Gosto da sobriedade geralmente porque nela eu vivo autêntica a minha falta de controle. 
Não aceito ser controlada por nada – amor, bebida, medos – meu descontrole é meu e por mim. 
E se mantém.

Um comentário:

  1. Beber e cheirar o mundo, vem desde os gregos, além de mitos - que são verdades, o que hoje é o homem, construiu um mundo, sob esse jugo.
    Bom fim de semana

    ResponderExcluir