sexta-feira, 8 de setembro de 2017

compromisso

duas décadas e pouco
e ainda não aprendi
a não prender minhas mãos
nas mãos de outro.

já dispensei grade algema aliança
amaldiçoei a marca das cordas
e mesmo assim me colo só
com gozo baba lágrima
essas mãos crucificadas

imóveis os dedos
grudados ao suor
da palma de outro
tão trancados
que se os arranco
em um átimo
rasga a pele tudo rasga
e se perde em pedaços

quando desarranjo os nós
não sobra mais que esses rasgos
sobre as mãos dele intactas
a culpar as minhas mãos.

Um comentário:

  1. Gosto do teu jogo de palavras, que joga com a mente da gente. Prender-se e desprender-se é quase como destino. É existir e gostar que seja assim.
    Boa semana e saudações!

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