O cenário do filme é tão simples que deslumbra. Há uma casa de madeira em meio ao mato, sozinha e escondida. Na platéia, ele suspira os sonhos que guarda. Sussurra para ela tu já morou numa casa de madeira? É quente no verão e fria no inverno. Ela sorri. O cenário é bonito mesmo, viver assim seria bonito, estar com ele. Mas o sangue que desliza no corpo, o sangue não mente dentro dela. Tudo ansia por cidade e movimento. Precisa estar onde está para que o sangue continue a seguir seu rumo. Mas se quer movimento, o que o corpo quer ali, prendendo as mãos em mãos do outro? Se quer prender-se, por que o sangue clama e clama por fluir? O corpo às vezes deseja tudo misturado. O sabor das contradições lhe é mais gostoso.
Ela tem medo. Parece estar de volta nas estradas por onde escapou. O filme é esteticamente bonito, mas às vezes ela se pega sem ouvir as falas, perdendo pedaços do enredo, no pensamento outros filmes. Estar ali é contraprodutivo, mas ela nunca foi uma pessoa prática. Abraça mais o corpo dele, que queima de um desejo e uma saudade. Quentura. Ele é tudo que ela sente de mais estranho, ele era tudo que dava e não dava certo. Ela não entende porque tudo se inquieta e o filme se impacienta, e só o que o corpo deseja é um passo e outro do corpo do outro. O movimento gostoso do corpo do outro. Um beijo mataria mil sedes que tivesse, ao mesmo tempo em que criasse mil sedes mais, a serem mortas na própria saliva. Ela tem medo, veste mais dúvidas. O que a boca anseia não é o que ela sabe e entende. Ela sabe o que o sangue já sabe: não está ali o que busca. Mas no modo como as coxas se apertam, no modo como palpita, ela esquece por um tempo do que havia de buscar.
Ela tem medo. Parece estar de volta nas estradas por onde escapou. O filme é esteticamente bonito, mas às vezes ela se pega sem ouvir as falas, perdendo pedaços do enredo, no pensamento outros filmes. Estar ali é contraprodutivo, mas ela nunca foi uma pessoa prática. Abraça mais o corpo dele, que queima de um desejo e uma saudade. Quentura. Ele é tudo que ela sente de mais estranho, ele era tudo que dava e não dava certo. Ela não entende porque tudo se inquieta e o filme se impacienta, e só o que o corpo deseja é um passo e outro do corpo do outro. O movimento gostoso do corpo do outro. Um beijo mataria mil sedes que tivesse, ao mesmo tempo em que criasse mil sedes mais, a serem mortas na própria saliva. Ela tem medo, veste mais dúvidas. O que a boca anseia não é o que ela sabe e entende. Ela sabe o que o sangue já sabe: não está ali o que busca. Mas no modo como as coxas se apertam, no modo como palpita, ela esquece por um tempo do que havia de buscar.
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