sexta-feira, 30 de agosto de 2019

apelo

não chora por dentro hoje feito

máscara de vidro toda a água 

que não brota e que teria

em outras existências 

inundado a casa e salgado a comida

e afogado nossos corpos hoje se esconde

em duras urnas te peço não derrama 

adentro sem olhar meu rosto só 

o teto que não é o teto em teus olhos

mortos como um abajur

um travesseiro um saco plástico


não derrama a água que não molha 

e me inunda enquanto viro lençóis, enrolando um todo

de corpos que é o teu e o meu e os nossos mortos

que hoje não grito hoje não digo guias

de como tudo deveria ser e como é ruim

ser tudo que se é hoje eu me esqueço

e sou só corpo sem baixar de olhos    nada

sem silêncios: puros

sejamos nós acordados e secos

sorrisos de nó 

na garganta


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